Desenvolvimento da linguagem nas crianças

Embora uma criança possa já ter pronunciado as suas primeiras palavras, normalmente é só por volta dos 2 ou 3 anos de idade que começa a ser capaz de formar frases curtas com algumas palavras e a ser capaz de participar em conversas básicas. Quando as crianças se aproximam dos 3 anos, muitas delas são capazes de formar frases com até seis palavras. Dito isto, é importante lembrar que todas as crianças são diferentes, e o mesmo se aplica ao seu desenvolvimento linguístico. Há crianças que não falam de todo aos três anos, mas que, de repente, abrem a boca e apresentam um excelente desenvolvimento linguístico desde a primeira frase. Outras balbuciam e talvez consigam fazer-se entender aos que estão no seu círculo mais íntimo, mas as pessoas de fora - incapazes de sintonizar a frequência correta - não têm qualquer hipótese de compreender o que a criança quer.

A linguagem é uma parte importante da forma como interagimos uns com os outros e, por isso, nós, como pais, talvez queiramos ir mais longe no apoio ao desenvolvimento linguístico dos nossos filhos. No entanto, pode ser reconfortante saber que, na maior parte das vezes, é suficiente conversar bastante com o seu filho no dia a dia - algo que a maioria dos pais e das crianças fazem de forma completamente automática. Como seres humanos, fomos feitos para comunicar e a quanto mais linguagem as crianças estiverem expostas no seu ambiente, mais absorverão e aprenderão. Ao mesmo tempo, somos todos diferentes enquanto pessoas, e há uma grande variação individual entre nós no que diz respeito à nossa linguagem - alguns de nós são muito verbais, enquanto outros são mais taciturnos. A personalidade inata e a capacidade verbal de uma pessoa também afetam o grau de desenvolvimento da sua linguagem, tanto em criança como em adulto.

Estimulação da linguagem na vida quotidiana

Para os pais que gostam de palavras e querem dar um pequeno impulso ao desenvolvimento linguístico dos seus filhos, aqui ficam algumas dicas sobre formas divertidas de estimular a utilização da linguagem por uma criança no dia a dia.

• Um dia na sua vida
  Quando chegar a hora de dormir, conte ao seu filho uma história sobre tudo o que aconteceu ou que fizeram juntos durante o dia. Isto proporciona um bom treino na capacidade de colocar as coisas na ordem correta e de recordar e recontar eventos e acontecimentos.
• O quê, quem e como?
  Podem fazer perguntas um ao outro à vez. Tentem fazer perguntas abertas que exijam mais do que apenas uma resposta de sim ou não, e oiçam-se mutuamente. Isto também lhe dá uma oportunidade de ouro para ouvir os pensamentos do seu filho.
• "O Ímpar"
  Este é um jogo que pode ser jogado de muitas maneiras diferentes. Se, por exemplo, quiser concentrar-se nas rimas, pode apresentar ao seu filho três ou quatro palavras, uma das quais não rima com as outras. Depois, basta pedir ao seu filho que selecione a palavra que termina ou soa de forma diferente das outras. Também pode jogar este jogo com sinónimos, por exemplo, feliz, contente e depois a palavra zangado - qual destas palavras é a mais estranha? Desta forma, desenvolve o vocabulário do seu filho e tem a oportunidade de lhe explicar novas palavras ou palavras que não são utilizadas com muita frequência.
• Cantar e brincar em conjunto
  Muitas crianças gostam de experimentar as diferenças entre gritar e sussurrar, ou falar depressa e devagar. As canções, rimas e cantigas não são apenas muito divertidas - são também boas para o desenvolvimento da linguagem da criança.
• Contar uma história em conjunto
  Comece por contar uma história ao seu filho e depois faça-lhe perguntas sobre a forma como a história deve continuar, permitindo assim que o enredo se desenvolva de acordo com a imaginação do seu filho. Por exemplo, pode perguntar: "Para onde é que eles foram depois disso? Ah, foram para a escola. Depois a professora entrou com uma coisa na mão - o que é que era?". E assim por diante. Quando a imaginação do seu filho estiver à flor da pele, tudo pode acontecer na sua história!
• Leia para o seu filho
  Leiam um livro, depois falem sobre o assunto e deixem a vossa imaginação fluir. Muitas crianças adoram fazer perguntas e falar sobre o que vêem e ouvem. Não só pode ser um momento agradável em conjunto, como também lhe dá a oportunidade de ouvir os pensamentos do seu filho.

Faladores tardios

Como já foi referido, há grandes diferenças no desenvolvimento da fala e da linguagem das crianças quando são pequenas. Enquanto que algumas crianças começam a juntar palavras para formar frases aos 18 meses de idade, outras só usam algumas palavras individuais com a mesma idade. Algumas crianças de três anos balbuciam constantemente e começam a usar um conjunto complexo de expressões e palavras temporais, enquanto que outras debatem-se com a construção básica de frases. Devido a estas grandes diferenças, pode ser difícil determinar se uma criança pequena tem dificuldades na fala para as quais precisa de ajuda, ou se é simplesmente uma criança que fala tarde. Se, como pai ou mãe, estiver preocupado com o facto do seu filho não falar ou parecer ter dificuldades de linguagem, pode sempre contactar uma clínica de saúde infantil para discutir as suas preocupações. Pode também contactar o infantário do seu filho para saber o que os educadores pensam sobre o seu desenvolvimento linguístico.

As crianças e a gaguez

As crianças pequenas podem passar por períodos em que gaguejam. Isto é bastante comum e não costuma provocar problemas numa fase posterior. Nessas alturas, não é invulgar que a criança gagueje muito, em geral, durante algumas semanas ou dias, ou em relação a determinadas palavras. A melhor forma de apoiar uma criança que gagueja é não a apressar ou pressionar, mas sim ouvi-la com calma. Para algumas crianças (cerca de 5-7%), os problemas de gaguez persistem durante o período pré-escolar.

Lidar com as dificuldades da fala e da linguagem

Se se verificar que uma criança parece ter dificuldades significativas de fala, há ajuda disponível, tanto de um terapeuta da fala e da linguagem através do serviço público de saúde, como de um coordenador de necessidades educativas especiais no pré-escolar. Por vezes, pode ser importante detetar as dificuldades de fala numa fase precoce, pelo que não deve hesitar em contactar um centro de saúde infantil se estiver preocupado ou se as dificuldades de fala do seu filho estiverem a ter um impacto negativo na sua vida quotidiana.

Uma dificuldade de linguagem identificada é designada por perturbação da linguagem, e existem diferentes tipos de perturbações da linguagem. Há diferentes aspetos da linguagem que podem causar problemas - a forma, o conteúdo ou a utilização da linguagem. Algumas perturbações da linguagem nas crianças desaparecem com o tempo, enquanto outras persistem de diferentes formas até à idade escolar. Por vezes, existe uma relação entre uma perturbação da linguagem e outras dificuldades relacionadas com o desenvolvimento, como problemas de motricidade ou doenças neuropsiquiátricas. Mas nem sempre é esse o caso - por vezes, é apenas a linguagem que é complicada para a criança.

O seu papel como pai ou mãe

Se o seu filho está a ter dificuldades em aprender a falar ou tem uma perturbação da linguagem identificada, é fácil ficar stressado com a situação e, naturalmente, quererem fazer tudo o que puderem para ajudar o seu filho. Nestas situações, é importante lembrar-se que é um pai e não o terapeuta da fala e da linguagem do seu filho - por isso, tente não se concentrar apenas na linguagem quando passa tempo com o seu filho! É claro que é importante garantir que o seu filho recebe a ajuda e os estímulos certos no dia a dia, mas a melhor forma de um pai dar esse apoio ao seu filho é passar tempo com ele e falar com ele de uma forma natural. Não é divertido para ninguém se a vida quotidiana se tornar uma situação stressante em que a criança é pressionada a praticar e a desenvolver as suas competências linguísticas. Em vez disso, deve tentar concentrar-se em desfrutar de todos os momentos maravilhosos com o seu filho, com ênfase nas áreas em que ele se destaca. Mesmo as crianças que não estão ao mesmo nível que os seus pares em termos de desenvolvimento têm o direito de se sentirem fantásticas aos olhos dos pais!

Atenção: todas as informações acima são baseadas em recomendações suecas.